Fecho
os olhos novamente e mais uma vez tento imaginar a cena. O pai indo em
direção ao seu carro, já quase desesperadamente torcendo para que não
fosse verdade a real hipótese da criança estar lá.
Um
pai que estava indo combater a criminalidade. Um pai com a missão de
trazer paz à sociedade. Um pai que certamente estava com a cabeça
enraizada em problemas funcionais a serem resolvidos. Que dor.
Não
conheço o delegado. Não conheço sua família. Mas quero abraçá-los com
muito carinho, através desta singela homenagem. Quero poder, de alguma
forma, forçar uma corrente positiva de paz, de amor, de esperança e de
muita força para que possamos amenizar seus sofrimentos.
Pois
que dor, gente. Que martírio a perda de um filho. Ainda mais quando
pequeno. Ainda mais, de forma trágica. O mundo silencia em segundos.
Nenhum ruído. Mas ouvimos apenas seu choro e suas gargalhadas que estão
guardados em nossa memória. O mundo escurece como se estivéssemos
entrado em uma escuridão eterna. Mas, de repente, uma luz em nossa mente
traz seu sorriso.
O
mundo simplesmente fica gélido. Mas nosso amor, que nos uniu e apenas o
nosso amor, aquece nosso coração como se fosse uma resposta contra um
possível desatino. Sim. Um possível e eminente desatino. Cobramos-nos.
Responsabilizamos-nos. Revoltamos-nos. Perguntamos-nos.
Questionamos-nos.
Por quê? Por quê? Por quê?
As
respostas, aparentemente, não estão presentes. Nossa crença ou
descrença faz-nos acreditar em várias hipóteses. Nossa religião faz-nos
acreditar em diferentes possibilidades. Mas cada um com sua crença ou
religião deverá elevar sua fé a Deus e pedir serenidade para enfrentar
este grande deserto.
E
quando estamos no deserto, uma pequena e insignificante quantia de água
é o suficiente para nos fortalecer, para que possamos andar. Andar para
a vida. Andar para frente. Mesmo com muita dor. Mesmo desanimados.
Mesmo como pouca força.
Espero,
de coração, que esta pequena condolência seja esta quantia de água,
para que todos aqueles que estão no deserto, possam levantar. Possam
respirar. Possam voltar a amar. Com menos dor. Com menos sofrimento.
(A) Carlos Alberto C. de Aguiar Jr.
(http://www.folhadonoroeste.com.br).
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