Resposta a jornalista Rosane de Oliveira, em razão de publicação na "página 10" do Jornal Zero Hora de 23 de janeiro de 2013.
Especificamente quanto a matéria que veiculastes em
tua página no Jornal Zero Hora, no dia de hoje (23 jan 2013), "mãos ao
alto, cabeça baixa" e depois teu "aliás", sugerindo utilizar o
potencial latente das guardas municipais, digo-lhe que não sou contrário a esta
conjugação de esforços, até mesmo porque o cidadão é quem sairá ganhando.
Entretanto considero muito simplista afirmar que a falta de policiamento nas
ruas é o culpado pela violência e criminalidade. O cidadão leitor de teus
textos acaba convencido de que o único responsável pelas mazelas sociais da violência
e da criminalidade é a polícia, tanto militar quanto civil, o que é uma
inverdade. Obviamente que as polícias tem suas limitações e suas
responsabilidades neste quadro, mas reduzir tudo a falta de efetivos nas ruas
beira a irresponsabilidade, eis que pessoas acreditarão que esta é a verdade
cabal e não ficarão alertas a outras questões que fomentam o crime, a exemplo
da impunidade. Na produção de teus textos recomendo, com toda humildade que eu
posso ter, que aponte outros responsáveis, e dentre estes elenque a legislação
processual penal brasileira como uma das grandes fomentadoras de criminalidade
no RS e no Brasil. Apresento a você um exemplo somente, eis que é atual, pois
aconteceu entre ontem e hoje, e suficiente pelo impacto que causa: Dia 22 de
janeiro de 2012 policiais militares da Brigada Militar de Sapucaia do Sul detiveram
um indivíduo por porte ilegal de arma, por portar um revólver calibre .38
carregado com cinco cartuchos intactos, que foi reconhecido por uma vítima como
aquele, juntamente com uma mulher, sua comparsa, que lhe assaltou recentemente.
Pois bem, este indivíduo, mesmo com registro policiais vergonhosos, de
causar espanto:
- RECAPTURA DE PRESOS(2X) , PRISÃO POR CUMPRIMENTO DE
MANDADO(6X), FURTO DESCUIDO(2X), ROUBO A PEDESTRE, DESACATO, TRÁFICO DE
ENTORPECENTES, FURTO MÃO GRANDE, LESÃO CORPORAL(3X), FURTO QUALIFICADO(5X),
DANO(2X) , APREENSÃO DE OBJETO SEM PROCEDÊNCIA(4X), ESBULHO POSSESSÓRIO,
VIOLAÇÃO DE DOMICILIO, FURTO SIMPLES EM RESIDENCIA(2X), RECEPTAÇÃO DE OBJETOS
ORIUNDOS DE CRIME(2X), FURTO/ARROMBAMENTO DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ROUBO A
ESTABELECIMENTO COMERCIAL, PORTE ILEGAL DE ARMA, FURTO/ARROMBAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL - estava nas ruas, livre,
leve e solto, e foi preso pela policia militar, como registrei anteriormente,
por porte ilegal de arma de fogo. Na delegacia de polícia o Delegado lavrou o
auto de prisão em flagrante delito por porte ilegal de arma, e, por
imposição legal, conforme determina nossa legislação processual penal, arbitrou
fiança, restando o delinqüente solto, retornando, portanto, as ruas. Na data de
hoje este mesmo indivíduo foi novamente preso em flagrante delito, por
policiais militares de Sapucaia do Sul, estes mesmos que você diz que estão
ausentes, por roubo a mão armada perpetrado com um revólver calibre .32 a
um estabelecimento comercial no centro de Sapucaia do Sul.
Peço que coloque
isto a baila, se efetivamente queres contribuir com uma sociedade e um País
melhor e mais justo, para que o cidadão saiba que sua polícia, civil e militar,
embora com todas suas limitações, inclusive de contingentes,
efetivamente trabalha, e que outros atores integrantes do sistema
precisam aperfeiçoar as ferramentas legais, propiciando que delinquentes com a
periculosidade do que aqui citei fique preso e pague por suas escolhas erradas,
por conseguinte preservando direitos do cidadão de bem, e acabemos com este
discurso distorcido, utilizado por muita gente “boa” de que existem muitos culpados
para a criminalidade, e dentre estes nunca está o bandido, que comete os crimes.
(A) Ronie de Oliveira Coimbra -Major QOEM - Cmt da BM de Sapucaia do Sul.
Abaixo o motivo da minha manifestação....
Zero Hora 23 de janeiro de 2013
PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Mãos ao alto, cabeça baixa
Janeiro está sendo especialmente trágico no Rio Grande do Sul em matéria de criminalidade. Só na última semana, o Estado registrou mais homicídios do que na desastrada operação de resgate em uma usina da Argélia, que matou reféns e sequestradores. O fim de semana tinha sido um dos mais violentos dos últimos meses. Ontem, mãe e filho foram mortos no assalto a uma lancheria em plena Avenida Ipiranga, no Jardim Carvalho. O filho, um jovem policial, reagiu a um assalto e acabou sendo morto, junto com a mãe. A terceira vítima é um dos bandidos.
No final da tarde, o site zerohora.com noticiava que nestas primeiras semanas de janeiro o Estado registra um roubo seguido de morte a cada quatro dias. Os títulos resumiam a situação no front em que se transformou o Rio Grande do Sul:
- Mãe e filho policial são mortos a tiros em Porto Alegre
- Homem é morto durante assalto em Gravataí
- Frentista é morto em tentativa de assalto em Passo Fundo
- Aposentado da Susepe morre após ser baleado por ladrões em Porto Alegre
- Homem é morto em tentativa de assalto em Sapucaia do Sul.
Nos títulos citados, não estão as mortes em brigas de vizinhos, os acertos de contas entre traficantes, os crimes passionais e os não esclarecidos. Estão destacadas apenas as que foram consequência de roubo. Não importa se ocorreram porque a vítima reagiu – coisa que, todos sabemos, não é prudente fazer – ou porque os ladrões interpretaram como reação um gesto de nervosismo. A verdade é que estamos vivendo um dos piores momentos da segurança pública no Estado. Faltam policiais (e não é de hoje), faltam recursos, falta articulação, falta dinheiro para pagar melhor os homens e mulheres que atuam no combate ao crime.
A sensação de insegurança deixou de ser sensação. Depois do assalto à joalheria Coliseu, no Praia de Belas, estamos vulneráveis até nos shopping centers, que cresceram e se multiplicaram por oferecer ao consumidor a certeza de que ali não estava à mercê dos ladrões. Na semana passada, uma jornalista de Zero Hora foi assaltada e teve o carro levado por ladrões quando pegava as moedas para pagar o parquímetro no coração do Bairro Moinhos de Vento. Estacionar em qualquer rua de Porto Alegre se transformou em situação de risco.
ALIÁS
Se o Estado não tem como colocar mais policiais na rua, para inibir a ação dos bandidos, não está na hora de repensar o papel das guardas municipais e somar forças na luta contra o crime?
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