MENINA ATROPELADA IA ENCONTRAR A MÃE (Zero Hora. Página 41). Uma série de tristes coincidências levou Izabel Cristina Pereira, 41 anos, a chorar a morte trágica da filha caçula. Enquanto pedia ajuda no Palácio da Polícia de Porto Alegre para localizar a menina, ela ouviu diversas vezes sobre o atropelamento de uma criança, na Avenida João Pessoa, no final da tarde de quarta-feira. Não sabia que falavam de Fernanda Oliveira Cruz, 10 anos, a menina que ela tanto procurava. Depois de passar quatro horas esperando pela filha no ponto combinado e mais quatro tentando registrar o desaparecimento da menina na delegacia, Izabel viu nas mãos de um policial militar, à 1h de ontem, a inseparável mochila cor de rosa que a filha levava às costas. Foi o desfecho de um dia em que vários desencontros acabaram se tornando fatais. “O delegado disse que eu tinha que esperar 48 horas para registrar o desaparecimento, mas eu queria a minha filha. Queria saber dela, busquei muito por ela”, desabafou, ontem à tarde. Mãe e filha tinham passado o dia juntas, na casa de uma amiga de Izabel, no bairro Partenon. Lá, Fernanda se alimentou, brincou com amigos e se distraiu dos contratempos que a família enfrentava desde domingo, quando se viu obrigada a entregar a casa alugada para a proprietária, que queria oferecer abrigo a parentes, e se mudar para o albergue Instituto Espírita Dias da Cruz, no bairro Azenha, por sugestão de uma assistente social. PORTO ALEGRE
ACIDENTE ACONTECEU A CEM METROS DE FAIXA (Página 41) O livro Crepúsculo, de Stephenie Meyer, sobre vampiros, tema pelo qual a menina era fascinada, e os CDs de Luan Santana, que Fernanda levava na mochila, não estavam lá por acaso. Havia três dias que ela os carregava para cima e para baixo. Às 16h de quarta-feira, a família deixou a casa da amiga e deveria ir para outro lugar, para aguardar até o albergue abrir, às 19h. Izabel e o companheiro, Manoel, não chegaram a um acordo sobre onde ficar até a abertura do instituto. Manoel embarcou sozinho em um ônibus. Com ele, ficou o cartão Tri, com créditos para as passagens. Sem hesitar, a menina avisou a mãe: seguiria sozinha para tentar achar o padrasto e retornaria com o cartão para ela poder se deslocar também. Antes de entrar em um ônibus, despediu-se da mãe: “Ela disse: “fica esperando aqui que eu volto para te buscar”, mas ela não voltou”. O que se seguiu foi o triste encontro de uma criança atravessando uma avenida movimentada, a cem metros da faixa de segurança, e um ônibus. Com o choque, ela morreu na hora, no final da tarde de quarta-feira. O acidente aconteceu a aproximadamente uma quadra do albergue em que a família buscava abrigo. A mãe, depois de quatro horas de espera, foi até o albergue, a pé, na esperança de que a garota e o padrasto já estivessem lá. Do local, partiu para o Palácio da Polícia, onde aguardou até a 1h por notícias. Foi quando viu o PM entrar com a mochila de Fernanda. Além do livro e dos CDs, o policial carregava o celular que ela tinha ganho no Dia das Crianças do ano passado. “Vi a mochila e não quis acreditar. Desabei, doeu meu peito”, relembrou Izabel, descrevendo o fim da busca. Aos 10 anos, Fernanda se destacava entre os irmãos. A menina curiosa e solícita gostava de ler e de ouvir música. Também era apaixonada por animais. Cuidava com afinco do Bob, o cachorro da família, e dizia que se tornaria médica veterinária um dia. Estava na quinta série de uma escola municipal. O corpo dela foi enterrado ontem
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