domingo, 18 de novembro de 2012

Onda de violência em SC - O que está por trás da onda de atentados em Santa Catarina

Queda de braço entre presos e direção da Penitenciária de São Pedro é um dos motivos

Uma evidente queda de braço entre presos e autoridades do sistema prisional pela troca do comando da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, migrações para o Estado de criminosos ligados à maior facção de São Paulo - o Primeiro Comando da Capital (PCC) - e a dificuldade de controlar a comunicação das lideranças nas cadeias com o mundo externo ou de transferi-los estão por trás da onda de atentados contra a segurança pública em Santa Catarina.

Desde a noite de segunda-feira até a de terça-feira, foram 10 ataques, sendo oito noturnos e dois de dia. A onda de crimes, cujos acontecimentos tinham sido previstos por setores de inteligência e mesmo assim não foram evitados, afrontou policiais, agentes penitenciários e população, que viu ônibus serem incendiados.

Diretor seria o foco
Longe das entrevistas ou declarações fora de grupos fechados dos setores policiais, o desafio da cúpula da segurança e do sistema prisional está centrado em uma ofensiva principal: vencer o poder paralelo instituído dentro e fora das prisões por assaltantes, sequestradores e traficantes ligados ao Primeiro Grupo Catarinense (PGC).

Nesse contexto, o DC apurou que estão incluídas a investigação da execução, há 19 dias, da agente penitenciária Deise Alves, 30 anos, mulher do diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves. A polícia investiga quem seria o mandante do crime, que estaria na penitenciária. Além disso, há uma suposta relação de bandidos locais com criminosos de São Paulo.
As autoridades continuam discutindo internamente sobre uma eventual saída de Carlos Alves da direção. Mas um grupo acredita que essa medida fortaleceria os presos no momento considerado crítico de contenção aos atos da facção.

Ela também poderia ser um retrocesso ao feito conquistado por Alves em São Pedro, que foi o fim das regalias aos detentos. Uma fonte da Polícia Civil que investiga homicídios relata que os atos são decorrentes de um desafio do PCC feito ao PGC: ou a facção catarinense enfrenta as forças de segurança ou os paulista tomam conta.

A madrugada de atentados e tensão
16h, segunda-feira
Terminal do Saco dos Limões, Florianópolis
Um homem tenta atear fogo a um ônibus estacionado no terminal desativado do Saco dos Limões. Ele passa de bicicleta e arremessa uma garrafa com material em chamas. A garrafa não atinge o ônibus. Mais tarde, há outra tentativa, no Norte da Ilha, na região conhecida como Canto do Lamin. Novamente, os criminosos não têm sucesso.

21h40min, segunda-feira
2a Delegacia de Polícia, Saco dos Limões, Florianópolis
Criminosos atiram um objeto em chamas para dentro de uma viatura que estava estacionada em frente à delegacia. Os plantonistas conseguem controlar o fogo, mas parte dos bancos do veículo é danificada.

22h30min, segunda-feira
Rua Santa Fé, Bairro Ponta Aguda, Blumenau
Depois de todos os passageiros descerem no ponto final, dois homens se aproximam do ônibus e obrigam a motorista a abrir a porta atirando no para-brisa. Eles ateiam fogo ao coletivo usando gasolina e disparando contra o veículo. A motorista escapa ilesa.

0h30min, terça-feira
SC-401, Norte da Ilha, Florianópolis
Bandidos rendem o motorista de um ônibus da empresa Canasvieiras. Ordenam que os passageiros desçam do veículo e botam fogo no coletivo. Testemunhas contam que os bandidos teriam anunciado que a ação tinha como objetivo "vingar a morte dos mano".

1h, terça-feira
Base da PM na Barra do Aririú em Palhoça
Pelo menos oito tiros atingem a base da PM. Ninguém é preso.

2h25min, terça-feira
Base da PM, Centro de Palhoça
Na via deserta, uma viatura está posicionada na frente. Quando o carro da reportagem se aproxima devagar, dois PMs saem com armas em punho. Mantinham as luzes apagadas dentro para não serem percebidos no local pelo pessoal de fora.

2h40min, terça-feira
6ª Delegacia de Polícia, Agronômica, Florianópolis
A grade e o portão, fechados durante toda a noite, são abertos para receber o adolescente de 16 anos que chegava do IML. Ele foi apreendido por suspeita de participação no ataque ao ônibus, na SC-401, carregando um revólver. Acabou liberado pois, de acordo com o depoimento do motorista do ônibus, os bandidos que o renderam portavam outro tipo de arma.

2h50min, terça-feira
Base da PM na Barra do Aririú em Palhoça
Cinco PMs na frente apontaram armas para o carro da reportagem. Em seguida, encontraram 16 cápsulas de pistola numa rua a 20 metros de onde os criminosos atiraram. Um cabo da PM de 48 anos, sendo 27 na polícia, vigiava sozinho o local no momento do ataque.
- Foi uma saraivada de tiros. Me escondi na cozinha atrás da parede - contou.
Não havia rondas nem caçadas pela região, apenas os PMs em volta da base com queixas da falta de condições para enfrentar bandidos.

3h10min, terça-feira
Proximidades da Academia de Polícia Civil, Canasvieiras, Florianópolis
Um carro particular de um policial militar é incendido no estacionamento a céu aberto. O fogo atingiu a parte lateral traseira e se alastrou para o interior do veículo, mas as chamas conseguiram ser contidas.

3h40min, terça-feira
16a BPM, na Rua Vereador Osvaldo Oliveira, em Palhoça
Havia cones na rua em frente ao batalhão. Dentro, viaturas paradas e nem sinal de policiais.

4h, terça-feira
1ª Delegacia de Polícia de Forquilhinha, em São José.
Grades fechadas e viaturas na frente sem policiais.

4h20min, terça-feira
Terminal de Integração do Centro (Ticen), em Florianópolis.
Um grupo de 10 pessoas dizia que aguardava há mais de duas horas pelo madrugadão, que não havia passado. Estavam revoltados com a falta de informação. De longe, uma viatura com policiais do Bope fazia escolta de ônibus que saíam do local.

4h37min, terça-feira
Delegacia de Proteção ao Turista, Terminal Rita Maria, Florianópolis.
Estava fechada. Ao lado, quatro viaturas estacionadas sem policiais por perto, sendo três da Polícia Militar e uma da Civil.

10h15min, terça-feira
Rua General Osório, no Presídio Regional de Blumenau
Claudinei Machado, 19 anos, e Alessander Ricardo Correa de Oliveira, 25 anos, são presos em flagrante pela Polícia Militar depois de uma perseguição. Eles são suspeitos de terem feito cinco disparos contra o Presídio Regional de Blumenau.

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