A
morte do jornalista Santiago Andrade, no Rio, trouxe à tona uma tática que já
teria sido usada por líderes das comunidades da periferia de Porto Alegre: o suposto
aliciamento de jovens por grupos radicais participantes das manifestações de
junho. O acerto seria com um chefe do grupo. Aos recrutados, estaria sendo
oferecido o que chamavam de “benefícios” – um “kit” com máscaras e mochilas,
além de bebida. No auge dos protestos de junho passado, distribuídos em
pequenos grupos, os jovens da periferia chegavam ao local do início das
manifestações, nas imediações da prefeitura de Porto Alegre. Ficavam nas
esquinas. Os supostos recrutadores distribuíam sacolas com vinho e faziam uma
espécie de preleção sobre o que iria acontecer. Assim que a caminhada começava,
os recrutados se posicionavam logo atrás de uma linha de manifestantes que
levavam mochilas nas costas, contendo pedras, máscaras, vinagre e rojões. Já no
final da caminhada, os recrutados pegavam as mochilas, colocavam as máscaras,
se dividiam em pequenos grupos posicionados nas laterais da marcha e os ataques
começavam. Em uma das noites, os manifestantes travavam um confronto com PMs na
esquina das avenidas Azenha e Ipiranga. De uma hora para outra, os
manifestantes recuaram em direção ao Centro e, no caminho, atacaram o Shopping
João Pessoa. Uma chuva de pedras e paus foi lançada contra os vidros. Parte da
tropa da BM foi até o shopping. Aproveitando-se do enfraquecimento da polícia,
que bloqueava a esquina da Azenha, manifestantes correram e espalharam-se pela
Ipiranga. Saques pelas ruas. Os jovens que estavam atacando o shopping não
conseguiram entrar nas lojas. Mas um outro grupo de saqueadores teve acesso a
uma loja de motos na Ipiranga. Uma hora depois, parte dos manifestantes voltava
para o centro da cidade pela João Pessoa. No caminho, atacaram a agência do
Banrisul. Foram seguidos por jovens que tentaram arrombar os caixas
eletrônicos. Logo depois do ataque ao banco, aconteceu um confronto entre os
manifestantes e as tropas da BM na João Pessoa. Enquanto isso, vários grupos de
jovens espalhavam-se pelas ruas da Cidade Baixa. Ali, atacaram veículos
estacionados, quebraram os vidros e furtaram tudo que encontravam dentro. Dias
depois desse ataque, um grupo de moradores da Rua João Alfredo se reuniu e
decidiu reagir aos saques. Houve confronto com grupos de saqueadores. Na
ocasião, um dos comerciantes conversou com Zero Hora e disse que era uma
“gurizada mascarada que só queria tirar proveito do saques”. Ao primeiro
enfrentamento, eles correram, afirmou o comerciante. (Zero Hora. Página 5) .
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