VIATURAS QUEIMADAS - PIRATINI TRATA COMO ATENTADO
O incêndio que danificou 10 viaturas zero-quilômetro da Brigada
Militar (BM) na noite de segunda-feira, em Porto Alegre, é tratado como
atentado contra a corporação. Em averiguação preliminar, peritos constataram
sinais de que houve mais de um foco de incêndio, indicativo de que seria um
ataque efetuado por mais de uma pessoa. Uma das suspeitas é que gente da
própria BM esteja envolvida, já que o local é vigiado por policiais armados, e
dificilmente um grupo civil entraria sem ser notado. O próprio governador Tarso
Genro foi taxativo ao falar na probabilidade de atentado. – Houve uma
provocação nesse incêndio. Alguém deve ter feito aquilo. É difícil crer que
tenha sido combustão espontânea dos veículos – declarou, em entrevista coletiva
no Palácio Piratini, na Capital, depois da formatura de 200 alunos do ensino
técnico. A BM deslocou pelo menos 30 policiais do serviço de inteligência para
investigar o incêndio, ocorrido por volta das 23h no pátio da Academia de
Polícia Militar, na Avenida Aparício Borges, na zona leste da Capital. A origem
do fogo deverá ser determinada pelo levantamento feito durante toda a manhã de
ontem pelos peritos do Instituto-geral de Perícias (IGP) – o relatório final
sai em até 30 dias. Um Inquérito Policial-militar (IPM) foi aberto pela
Corregedoria de Polícia para investigar o caso. – A hipótese de atentado é
muito grande, pelas características, pelo horário – alertou o coronel Alfeu
Freitas Moreira, chefe do Estado Maior da BM.Uma hipótese quase descartada, mas
ainda analisada, é que tudo tenha começado em um curto-circuito.O fogo começou
nos veículos que estavam no meio do lote de caminhonetes, todas da marca
Nissan, modelo Frontier, com tração nas quatro rodas. Seis delas tiveram perda
total e serão substituídas. As outras quatro ficaram danificadas, e a BM
avaliará o custo do conserto de cada uma. Veículos seriam destinados para a
região da Fronteira. Além das 10 caminhonetes incendiadas, havia outros 196
veículos novos da BM estacionados em vários pontos do pátio da Academia de
Polícia Militar. Os veículos devem ser distribuídos a várias unidades da
corporação. Na semana passada, foram entregues 60. Em média, um veículo novo demora
30 dias para ser integrado à frota da corporação, explica o major.– O veículo
só é usado depois de passar por uma série de procedimentos técnicos, como a
colocação de rádio, e legais, como a regulamentação da documentação –
esclarece.O preço de uma caminhonete equipada (com rádio, sirene e outros
itens) fica ao redor de R$ 90 mil. Os veículos incendiados não tinham seguro. O
coronel Freitas disse que carros usados em patrulhamento não são segurados por
serem usados em uma atividade de alto risco, o que tornaria o preço da apólice
muito caro.Na manhã de ontem, o secretário da Segurança Pública, Airton
Michels, visitou o local onde foram incendiadas as novas viaturas da BM. Ele
não falou com a imprensa. Mas não escondeu o desconforto com a situação, informou
um dos seus assessores. Os veículos estavam destinados à Fronteira – nas
regiões de Bagé, Santana do Livramento e Horizontina. Na próxima sexta-feira,
25 veículos seriam entregues em solenidade em Horizontina, no noroeste gaúcho.
Duas caminhonetes dessa frota queimaram na segunda-feira. Serão entregues 23
viaturas. Caso impune. Em julho do ano passado, vândalos lançaram coquetéis
molotov no pátio da Secretaria de Segurança Pública, ao lado da Avenida Castelo
Branco, destruindo dois carros patrulhas da BM. Vídeos de câmeras de segurança
foram analisados, mas a má qualidade das imagens impediu a identificação de
suspeitos, segundo o delegado Marco Antônio Duarte de Souza. O caso continua
sendo investigado.
(ZERO HORA - CAPA E PAGINA 27).
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