PREFEITURA CUMPRE REINTEGRAÇÃO
Sob a
supervisão de 400 profissionais, entre Brigada Militar, Bombeiros, Defesa Civil
e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, a prefeitura de Cachoeirinha deu
início ontem à reintegração de posse no loteamento Chico Mendes. Em novembro,
280 famílias ocuparam as casas inacabadas que seriam destinadas a outras
pessoas, cadastradas desde 2005 e que vivem em zonas de risco. De forma
pacífica - apenas com alguns relatos de vandalismos na parte interna de casas -
grande parte dos ocupantes saiu do loteamento. Os caminhões que levaram os
móveis das famílias para o depósito municipal provocaram congestionamento na
ERS 118. Segundo a prefeitura, alguns moradores aproveitaram o fim de semana
para deixar a área. Conforme o secretário municipal de Habitação, André Lima,
60 famílias receberão aluguel social de R$ 250,00 por seis meses, prorrogáveis
por igual período. O restante preencheu cadastro e deve ganhar nova casa, em
até 12 meses. "Fizemos um estudo e verificamos que somente 60 estão de
fato em situação de vulnerabilidade social. Os outros devem voltar para a casa
de familiares. Há muitas pessoas que são de Cachoeirinha, mas não podemos
abraçar o problema habitacional de outros municípios." Segundo Lima,
haverá avaliação individual de casos. "Não nos negamos a ajudar, mas temos
que respeitar a lei e o projeto do Ministério das Cidades. O loteamento Chico
Mendes deve estar concluído em seis meses e abrigará famílias que vivem em
zonas de risco, alagadiças e sob redes de alta tensão", enfatizou. O
comandante do 26º Batalhão de Polícia Militar, major Luiz Fernando Rodrigues,
que acompanhou a ação, acredita que o processo deve demorar dois dias. Segundo
ele, não houve conflito e foram poucos os registros de vandalismo. "Antes
de iniciarmos a reintegração, fizemos reunião com líderes da comunidade. Não
houve enfrentamento, apenas boatos de possibilidade de estourarem botijões de
gás ou incendiarem as casas, mas nada concretizado", disse. A líder
comunitária Suzana Müller ficou descontente com a forma como a prefeitura
tratou o grupo. "Levaram os móveis para um depósito de forma desordenada.
Deveriam ter feito o cadastro social antes de obrigarem as pessoas a saírem. O
aluguel social sequer foi aprovado pela Câmara Municipal e, de qualquer forma,
somente virá no dia 5 de julho", ponderou. Francisco Niches destacou que a
prefeitura foi cordial, mas não cumpriu de forma plena o acordo feito com os
moradores. Segundo ele, muitos saíram do local sem a garantia de um novo lar.
Além disso, durante um ano, a maioria deles ficará entregue à própria sorte. (Correio do Povo. Página 13).