"Os donos que se danem. É a Nova
Ordem. Da desordem. O rato ia argumentar, por que não avisaram antes? Tinha
perdido um tempão brigando na escola, ameaçando professor e repetindo de ano
(não pegou essa de passar goela abaixo). Soubesse, tinha entrado no crime mais
cedo. E sem dividir o butim. Ia reclamar, mas foi interrompido por um grupo de
mosquitos da dengue que chegaram zunindo, furiosos.
- Ei, gato! Essa zoeira não tá legal!
- Ei, gato! Essa zoeira não tá legal!
- Não tá? Ainda - miou outra vez
Miminho, cabisbaixo, observando os insetos do alto dos seus mais de vinte anos
de Polícia. Mas já vai estar. Os juristas do Senado estão providenciando. Droga
liberada de vez, tráfico sem dar flagrante, e por aí vai.
- Quê? Ah, tá! Nós investimos em
armas, gastamos horrores corrompendo meio mundo e ainda picamos mentes sem
cessar, só pra manter em alta a febre do consumismo. Tudo redondinho para
ganhar um dinheiro fácil honestamente. Pô! Agora, até as moscas vão entrar no
nosso negócio. Vão vender crack no sinal em vez de rapadura? Como ficam as
nossas aplicações no Fundo Bandalheira? Que injustiça!
- Não é injustiça. É Justiça
brasileira, conceito um pouco diferente. O crime sai da lei, melhora a
estatística e deu. É o novo combate, que desiste da luta e se entrega de vez -
miou Miminho, magoado. E dormiu. Que ele, o gato xerife, não tinha mais o que
fazer por ali, com a Nova Ordem.
(Texto extraido da coluna de OSCAR BESSI FILHO, Correio do Povo, 10/06/12. Página
20).
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