A bomba colocada na sexta-feira a um quarteirão do Palácio Piratini por manifestantes que protestam por melhores salários para PMs esgotou a paciência do governo estadual, e fez balançar a cúpula da Brigada Militar. O artefato estava preso a um boné da BM e foi largado junto a um posto da PM na Rua Fernando Machado, nos fundos da sede do governo do Estado. O objeto, untado com uma emulsão explosiva de nitrato de amônia, poderia explodir se conectado a um detonador. O próprio subcomandante da BM, coronel Altair Cunha, retirou o artefato do local. O explosivo – o primeiro que não era falso, na onda de manifestações feitas por simpatizantes da causa dos PMs – causou alvoroço nas hostes governistas. O governador Tarso Genro considerou uma afronta pessoal esse ato e, em reuniões internas, usou a expressão “terrorismo” para se referir ao protesto. O chefe do Executivo exigiu providências imediatas a respeito da identidade dos autores. A segunda-feira foi de muitas reuniões e rumores dentro da BM e desta com membros do governo. O comandante-geral da BM, Sérgio Abreu, no entanto, continua prestigiado pelo governador. Tarso não culpa Sérgio pelos protestos, mas quer resultados das investigações. Até agora, a Corregedoria da BM não apresentou nomes ou provas sobre os autores das manifestações, que incluem bloqueios de rodovias com pneus queimados, fechamento de agência bancária com correntes e, em alguns casos, falsas bombas amarradas a bonecos fardados. Dentro da BM surgiram também críticas ao coronel Altair por agir sozinho em um episódio que poderia representar perigo. ZH falou com ex-comandantes e oficiais superiores da BM. A opinião é que não há clima, no momento, para trocas no comando da BM, até porque não ocorreram mais manifestações pró-salários desde o episódio da bomba na Rua Fernando Machado – mas o governo exige respostas. Podem também ocorrer mudanças em comandos do Interior, especialmente nas regiões onde mais ocorreram protestos. Oficialmente, essas trocas não seriam em decorrência das manifestações. O coronel Valmor Araújo de Melo, chefe do Estado-maior da BM, refuta qualquer mudança. “Não tem nenhuma troca prevista”, garantiu Valmor, ontem à tarde. Há falta de coronéis na ativa eventuais substituições. Nos comandos da Fronteira Oeste e da Fronteira Noroeste, por exemplo, quem está à frente das unidades são tenentes-coronéis, bem como no Comando Ambiental, esclarece Valmor. PORTO ALEGRE
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