Ao descartar a possibilidade
de separação entre Brigada Militar (BM) e Corpo de Bombeiros, o governo do
Estado acenou com autonomia inédita para a corporação. Em projeto de lei
anunciado ontem, em meio às comemorações do Dia do Bombeiro, abriu-se a porta
para que os Bombeiros disponham de orçamento desvinculado da BM e de uma nova
estrutura de formação profissional, agora exclusiva para a categoria. A estimativa
é de que, em caso de aprovação da proposta pela Assembleia Legislativa, o valor
disponível para gastos suba 30% já em 2013. A matéria deverá ir à Casa em
agosto, para coincidir com a inauguração da nova sede dos Bombeiros, na
Capital. As mudanças não significam, porém, que os Bombeiros percam o vínculo
com a BM. A estrutura de hierarquia seguirá a mesma, e o discurso oficial das
duas partes passa longe de ruptura. O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel
Guido Pedroso de Melo, viu um grande e inédito avanço. “Teremos nossa
independência administrativa e financeira”, diz. Melo considera “histórica” a
mudança no processo de formação, que passará a ser feito por meio de um curso
específico de bombeiro. Pelo método tradicional, o profissional entra como
policial militar para depois fazer a especialização. O comandante também
comemora outras medidas anunciadas, como a compra de 122 novas viaturas,
aumento de 115% no valor das diárias e 700 promoções de praças e oficiais. As
novidades ajudarão a melhorar um serviço já considerado “eficiente” pelo
comandante-geral da BM, coronel Sérgio de Abreu. O que tornaria injustificada,
ele explica, a necessidade de separação dos Bombeiros – assim como a discussão
em torno do tema. Mas o governo do
Estado aponta dificuldades técnicas e operacionais como motivos para manter a
corporação junto à BM. Chefe de gabinete e coordenador do grupo de trabalho
relativo à reestruturação, Vinícius Wu estuda o tema desde junho de 2011.
Segundo ele, faltariam aos Bombeiros corpo técnico, suporte e capacidades
gerencial e administrativa. Daí o veredicto contrário à ruptura. “Seria
arriscado e imprudente”, avalia Wu. Ainda conforme o governo, o novo modelo não
deverá diminuir o orçamento da BM, pois a tendência natural é de valores
maiores no próximo ano. Nem seria uma divisão disfarçada. De acordo com o
tenente-coronel José Carlos Riccardi Guimarães, presidente da Associação dos
Oficiais da BM, falar em separação é algo muito forte. Ele prefere outra
definição para as medidas: “É uma adequação à realidade”.
(Zero Hora. 03/07/12. Capa e página 26 com foto).
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