quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Família unida para salvar vidas


PAI E FILHO NA MESMA GUARITA (Página 20 com foto).
 Pouco mais de duas décadas de vida separam as trajetórias dos salva-vidas da guarita 94, em Xangri-lá, no Litoral Norte. Neste ano, pela primeira vez, o sargento Airton e o soldado Médrick dividem o mesmo local de trabalho durante a temporada. Mas, apesar da estreia, os dois já passaram muitos verões juntos – não como colegas, mas na condição de pai e filho. Em praias como Atlântida Sul, Imbé e Quintão, a família acompanhou o trabalho como salva-vidas de Luis Airton Cardoso Rodrigues, 47 anos. Primeiro sargento da Brigada Militar no município de Rosário do Sul, na Fronteira Oeste, o brigadiano – que durante o ano atua no policiamento da cidade natal – começou sua atuação na água salgada, na Operação Golfinho, em 1997. Em fevereiro daquele ano, a imagem dos dois – Luis Airton, com 30 anos, e o filho, com sete – foi eternizada em uma foto, tirada na guarita de cimento de Atlântida Sul. “Eu ia de férias e subia na guarita. Gostava da função toda”, comenta Médrick de Oliveira Rodrigues, 24 anos. Luis Airton já contabiliza 12 temporadas como salva-vidas – esteve ausente em alguns anos por problemas de saúde e por questões burocráticas. Mas esta é a mais especial, afinal, é primeira ao lado do filho mais velho. Com possibilidade de se aposentar por tempo de serviço no meio do ano, ele planeja estender a atividade por mais um tempo. “Se estiver bem de saúde, fico mais um ano, só para trabalhar de novo com ele (o filho)”, afirma o sargento. A postos desde 21 de dezembro, a dupla ainda não precisou salvar nenhum banhista no verão de 2014. Mas ambos estão preparados para enfrentar qualquer tipo de situação. E as estratégias já são conhecidas. Se o caso não for tão grave, um deles permanece na parte rasa, puxando a corda da boia. Caso contrário, os dois entram na água e, juntos, tentam resgatar as vítimas. Durante o expediente de oito horas, enquanto observam os banhistas, pai e filho dividem o chimarrão e apreciam a música nativista que vem do aparelho de rádio, embalado em uma sacola plástica. “É para evitar a maresia. Senão, não dura até o final da temporada”, ensina Médrick.  A experiência de família, que inclui técnicas como a do rádio ensacado, foi posta em prática pela primeira vez no veraneio passado, quando o soldado participou da sua primeira Operação Golfinho, na praia de Rainha do Mar. Oficial da 4ª Companhia do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM), com sede em Arvorezinha, no Vale do Taquari, Médrick não dividiu a guarita com o pai na ocasião, mas nem por isso Luis Airton ficou distante. Com a família na praia, ia conferir o trabalho do filho, que, aos 11 anos, ele próprio ensinou a nadar no mar gaúcho.Também no ano passado, os dois treinarem o mais novo da família, Pétrick, 15 anos, para seguir os passos – ou braçadas, no caso – da família. O aprendizado é quase um tratamento de choque. Levado até um ponto onde o pé não acha mais a areia do fundo do mar, o aluno precisa ter controle e agilidade para voltar. Tudo isso, claro, com o apoio da boia dos salva-vidas, pronta para ser arremessada. “As pessoas se desesperam quando não dá mais pé, e isso é o pior. Se ficar boiando, o mar sempre vai empurrar em direção à areia”, ensina Luis Airton. Apesar de ter seguido a mesma profissão do pai, Médrick afirma que só se deu conta de que era isso que queria fazer para o resto da vida durante o curso para formação de soldado, em 2009. Naquele ano, foi um dos 27 alunos que passaram no treinamento da turma, que começou com 63 pessoas. “Não se trata de QI (quem indica), é competência mesmo”, elogia Luis Airton, orgulhoso da carreira do filho

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