terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SEGURANÇA PÚBLICA OU PRIVADA NOS ESTÁDIOS


REABRE O DEBATE SOBRE POLÍCIA EM ESTÁDIO (Capa e páginas 4 e 5) Nas vésperas da Copa do Mundo no Brasil, a violência nos estádios volta a ser manchete. O conflito entre torcedores de Atlético-PR e Vasco, no domingo, gera debates e questionamentos. De quem é a responsabilidade pela segurança? Para especialistas, do Estado. A presença da Polícia Militar na parte interna dos estádios é tema de debate desde a tarde do último domingo, quando cenas de barbárie foram registradas na Arena Joinville. A certeza é de que o exemplo de Santa Catarina, de não usar PMs em um jogo de risco, com torcidas acostumadas a confusões, mostrou-se equivocado. Para especialistas no tema violência no futebol, a segurança privada não tem a qualificação necessária para conter conflitos. “Não estando no local (Joinville), não dá para saber se a segurança pública teria impedido. Mas se o país não conseguiu formar agentes públicos de segurança com mais inteligência, é difícil achar que exista preparo na segurança privada. O Estado não tem como abrir mão da segurança, isso até fere a nossa Constituição”, comenta Heloisa Reis, professora da Unicamp e com pós-doutorado em Sociologia do Esporte. Pesquisadora da violência e da prevenção dela no futebol, Heloisa destaca que agentes de segurança privada são bem-vindos, mas sendo preparados pela força pública. “As brigas ocorrem por história de rivalidade entre clubes e torcidas. Há necessidade de conhecimento do problema, uma avaliação de risco. Esse jogo de domingo era de alto risco, um clube grande poderia ser rebaixado. Deveriam ter procedimentos de prevenção, uma divisão das torcidas por objetos intransponíveis”, argumenta. Para a professora, as organizadas são parte do problema. Ela culpa os promotores dos  jogos por não evitarem a maioria dos conflitos. “Os grupos violentos de torcedores são constituídos por homens que gostam de brigas e que desejam ser reconhecidos por isso. Se não há nenhum obstáculo físico entre os torcedores, o organizador falhou. Se não tem a força do Estado, o Estado falhou. Quem tem mais culpa? Aquele que não previu ou quem perdeu a cabeça? Cabe aos organizadores e ao Estado preverem estratégias que impeçam o contato. Falta ao Brasil trabalhar o tema com seriedade”. Opinião diferente tem o professor doutor George Felipe de Lima Dantas, formado na George Washington University, nos Estados Unidos. Para ele, muitas organizadas são gangues onde a violência e o crime são incentivados. “A grande questão não é a torcida organizada, mas é em nome de quê elas existem? Se os clubes ajudam essas torcidas, eles estão patrocinando essa violência”. Promotor responsável pela Promotoria do Torcedor do Rio Grande do Sul, José Francisco Seabra Mendes Júnior, também é contrário à saída da polícia do interior dos estádios. “Não estamos em um estágio de evolução cultural para desprezar o trabalho da Brigada. Tem o peso da farda, a BM realiza reuniões preparatórias, participa na prevenção. A segurança privada pode funcionar, mas como complemento. A BM tem know-how”.  Entre as propostas para conter a violência nos estádios está o cadastramento das torcidas organizadas, que está previsto no Estatuto do Torcedor. Atualmente, tramita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre um projeto que obriga os clubes a realizarem a identificação biométrica de quem frequentará a Arena do Grêmio e o Beira-Rio. “A Argentina tem, fazem um cadastramento de todos os torcedores. É uma medida interessante, o torcedor perde o anonimato”, opina o promotor Seabra. No Rio Grande do Sul, os principais casos de conflitos são registrados entre torcidas do mesmo time, que brigam pela liderança. “Estamos tentando a aproximação das organizadas com clubes, Federação Gaúcha de Futebol e autoridades de segurança”. (ZERO HORA).

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