Como
aceitar que um homem agrida sua namorada, sua esposa, sua companheira? Ou, pior
ainda, como justificar que ele se ache no direito de matá-la seja qual for o
motivo, ciúme, separação ou o final definitivo do relacionamento? Inaceitáveis
essas agressões e imperdoáveis os assassinatos. A indignação é essencial, mas
não basta. O Estado e a sociedade têm de enfrentar essa violência. Em outubro
de 2012, o Rio Grande do Sul teve uma iniciativa pioneira no país e criou a
Patrulha Maria da Penha, em Porto Alegre, para defender mulheres vítimas de
agressão doméstica. Seu trabalho é fiscalizar o cumprimento das medidas
protetivas concedidas pelo Poder Judiciário, após o registro de ocorrência, que
obrigam o agressor a manter-se afastado da sua vítima. Um ano depois de sua
criação, o índice de eficiência alcançado é notável. Sempre que o homem tentou
agredir a mulher que estava sob proteção nas regiões atendidas pela patrulha, ele
foi preso. A patrulha é formada por policiais militares e opera em conjunto com
a Polícia Civil. Está presente nos quatro Territórios de Paz de Porto Alegre
(Lomba do Pinheiro, Restinga, Rubem Berta e Santa Tereza) – tendo sido
implantada posteriormente nas regiões do 9º e 11º Batalhões de Polícia Militar
da Capital e em Canoas, Charqueadas e Esteio. A cada dia, são produzidos
relatórios sobre os casos mais graves, que necessitam de maior atenção. As
equipes vão até as residências das vítimas e verificam se o agressor tem
respeitado a decisão judicial e permanecido longe. A Patrulha Maria da Penha é
um símbolo do que vem sendo construído em nosso Estado para enfrentar a
violência contra as mulheres, com um conjunto de iniciativas que compõem a Rede
Lilás. Na segurança pública, há investimentos também na criação de Delegacias
Especializadas no Atendimento à Mulher, dentro da Polícia Civil. Já existem
DEAMs em 16 municípios e logo serão implantadas em Alvorada, Viamão e Bagé. No
Instituto-Geral de Perícias, foi criada a Sala Lilás, em Porto Alegre, para
melhor acolher mulheres vítimas de agressão e proporcionar melhor atendimento.
Já estão previstas unidades em Santana do Livramento e em Caxias do Sul,
primeiramente, além de outras 12 cidades. Na Susepe, o projeto Metendo a Colher
combate os casos de reincidência, conscientizando os criminosos enquadrados na
Lei Maria da Penha de que a segurança pública irá monitorá-los, mesmo em
liberdade.A agressão de homens contra mulheres é um ato bárbaro, primitivo. Vai
contra a dignidade humana, renega o processo civilizatório. Melhorar a
segurança pública passa, necessariamente, pelo combate a esse tipo de
violência. Afinal, a falta de respeito ao outro (a gênese do crime), vivenciada
pelos filhos das vítimas e agressores, pode ser um caminho reprodutor de todas
as formas de violência.
(Artigo assinado
pelo secretário da Segurança Pública do RS, Airton Michels, Zero Hora, página 17).
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