quarta-feira, 16 de outubro de 2013

CIDADANIA ‘FERIDA’



(Artigo assinado pelo presidente da Associação dos Oficiais da BM, José Carlos Riccardi Guimarães, página 2) Afora a excepcionalidade do fato, nenhum cântico para entoar o ato bravo de uma capitã da Brigada Militar. Às vezes, fazendo parecer que a obrigação e a indiferença justificam o silêncio contemplativo de que foi apenas mais um capítulo vulgar da história da violência que se incrustou no Rio Grande do Sul. É possível, até, que nem seja digno de espaço na mídia ou de apreciação pelos melhores filósofos e historiadores do jornalismo local. Por um lado, pode ser que colocar a farda e estar de serviço nos faça pensar que o risco à vida é óbvio e, por isso, nada mais a considerar. Por outro, a proliferação da indiferença como sentimento altivo indica que dá para varrer toda a vicejante mazela para baixo do tapete, esquecer-se de imediato e seguir a vida com naturalidade. Mas também é possível dar um paradigma mais apropriado quando se trata da vida de nossos semelhantes, em especial quando não são nossos parentes ou amigos. Na madrugada de sábado (5/10/2013), em Gravataí, no bairro Vila Rica, a capitã da Brigada Militar Deise Kologeski intercedeu para evitar que um assalto prosperasse, sendo recebida, junto com o motorista de sua viatura, a tiros pelo delinquente, ao que revidou. Do tiroteio restou à capitã Deise um tiro no peito, aparado pelo colete à prova de balas... Vamos parar aqui! E vamos retroceder à manhã do dia anterior! Antes de entrar em serviço, em uma escala massacrante de 24 horas, a capitã Deise cuida de sua família, prepara seu filho de 3 anos e o seu marido para mais um dia de ausência. Deixa o lar para proteger a sociedade, na incerteza do retorno, mas na certeza de que seu senso ético e moral, sua coragem, seu desprendimento, sua noção de cumprimento do dever são maiores naquele momento, e vai à luta contra o crime que sangra nossa sociedade, dilacera o patrimônio e a vida de nossos amigos, vizinhos e familiares. E tão-somente por isso não há que se deixar prosperar a indiferença e o silêncio contemplativo. Os oficiais da Brigada Militar, legítimos e verdadeiros ouvidos dos clamores por melhor segurança pública no Rio Grande do Sul, se unem em coro para manifestar apreço, gratidão, consideração e respeito por essa mulher, mãe e policial. Obrigado, capitã Deise, por honrar a farda da Brigada Militar. Com a palavra, os sedizentes defensores dos direitos humanos.

Um comentário:

  1. Fato! A suposta “lei” esta segregada e a sociedade postergada.
    Que Deus nos ajude!

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