ONZE INVESTIGAÇÕES POR DIA
(COLUNA DE HUMBERTO TREZZI página 49, Zero Hora, 19/12) “A suspeita de que policiais encarregados
de guarnecer o bairro Chácara das Pedras praticaram assalto e até assassinato
no mesmo bairro uma desconfiança endossada pela Justiça, que mandou prender os
PMs é mesmo de estarrecer. Se o policial é bandido, em quem confiar, pensa o
morador? Pois é... Mas a resposta, por mais surpreendente que seja, é: confie
na Polícia. Policial criminoso não significa instituição criminosa. Tanto que
partiu da própria Brigada Militar a investigação inicial sobre envolvimento
desses PMs em assaltos. Uma investigação ampliada e complementada agora pela
Polícia Civil. A primeira coisa que a comunidade precisa saber é que a unidade
em que trabalham esses dois PMs presos por crimes, o 11º Batalhão de Polícia
Militar, não é um quartel onde todos assaltam, andam em carro roubado e até
matam. Pelo contrário. Em 26 de outubro, policiais desse batalhão trocaram
tiros e prenderam quatro ladrões suspeitos de roubar 20 veículos na zona norte
de Porto Alegre. Na última quarta-feira, PMs do mesmo batalhão prenderam quatro
suspeitos de assaltos a postos de combustíveis. Em fevereiro, soldados do
Pelotão de Operações Especiais do 11º BPM prenderam um dos assaltantes de banco
mais procurados do Estado, Márcio Vargas, o Papa-Léguas. O bandido ofereceu aos
policiais R$ 10 mil e uma pistola, em troca de ser libertado. Continuou preso.
Por que mencionar tudo isso? Ora, para lembrar que o 11º BPM, conhecido como
Pé-de-Poeira, é um batalhão ativo contra o crime. Mas, por vezes, alguns de
seus integrantes ficam sob suspeita. Os números corroboram a afirmação do
coronel. Em 2012 foram abertas 11 investigações por dia na BM, todas para
verificar problemas envolvendo policiais. A maioria, 2.642, foi de
sindicâncias, quase todas transgressões disciplinares – coisas como atraso no
serviço, bico (trabalho extra, proibido pelo regulamento da Brigada), desacato
ao superior. Outras 1.394 foram Inquéritos Policiais-Militares (IPMs), para
checar possíveis crimes cometidos pelos fardados. Algumas sindicâncias também
investigam crimes comuns. No ano passado, a média foi ainda maior: 12
investigações abertas por dia. Ou seja, não é normal policial envolvido em
assalto, mas tampouco chega a ser surpreendente. As investigações tocadas pela
corregedoria envolvem de tudo um pouco: suspeita de tráfico, roubo, extorsão,
lesões, tortura e ameaça. E até uma, no próprio 11º BPM, na qual 19 policiais
são suspeitos de fazer segurança para casas de jogo clandestino. A maioria das
investigações é feita no próprio batalhão. Casos graves, porém, são
investigados pela corregedoria. São 59 pessoas que trabalham nessa repartição
central, fora o pessoal que atua no serviço reservado em cada batalhão”.
“EU NÃO PODIA AFASTÁ-LOS SEM
MOTIVO CONCRETO” (Página 49) O comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar
(BPM), tenente-coronel Alberi Barbosa, passou o dia de ontem dando entrevistas.
Tinha pouco a dizer sobre a prisão de dois soldados da sua unidade, já que a
investigação foi conduzida pela Corregedoria-geral da BM. Alberi se diz
“chateado” com o episódio, já que o batalhão é conhecido também pela ação
enérgica contra assaltantes na Zona Norte. Confira entrevista que ele concedeu
a Zero Hora após a prisão dos subordinados: Zero Hora – O que o cidadão dos
bairros guarnecidos pelo 11º BPM pode pensar se soldados do batalhão são
suspeitos de envolvimento em assaltos e até numa morte? Tenente-coronel Alberi
Barbosa – Olha, não posso dizer o que outros cidadãos vão pensar. Eu, no caso,
estou bem chateado com o que aconteceu. Mas garanto que toda e qualquer
denúncia que nos chega é investigada. Por nós ou pela corregedoria. Esse sumiço
de uma pistola (a primeira suspeita contra os PMs presos) foi investigado pela
corregedoria. ZH – São corriqueiras denúncias de policiais envolvidos em tantos
crimes como estes? Se eles eram suspeitos de tanta coisa, por que estavam nas
ruas e não afastados? Tenente-coronel Alberi – Normal, claro que não é. Eles
estavam trabalhando nas ruas porque toda pessoa é inocente, até que se prove
sua culpa. Não poderiam ser afastados sem um motivo concreto. Como a
investigação foi tocada pela corregedoria, eu nem tinha motivo para afastá-los.
Desde que estou no batalhão eles não tinham sido afastados. ZH – Como o
batalhão recebe uma notícia dessas? Alberi – Ninguém gosta. Pode ficar certo,
somos os primeiros a sugerir expulsão de quem usa a farda para cometer crime.
Mas não podemos nos precipitar, temos de seguir ritos formais e legais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Visite nosso Blog: http://cpmbmrs.blogspot.com.br - Comente a vontade nossas matérias. Obrigado.