Os dois criminosos que sequestraram na quinta-feira ,07, o
marido de uma gerente de banco em Gravataí, na Região Metropolitana, tentaram
matar os policiais que o perseguiram por mais de três quilômetros pelas ruas do
centro da cidade. Na contramão, em cima de calçadas e expondo diversos
pedestres ao risco de atropelamento, os assaltantes atiraram na viatura da
Brigada Militar antes de serem atingidos.
Segundo um dos PMs que estava no veículo – que pediu para
não ser identificado –, não houve outra alternativa a não ser disparar para
matá-los, já que não havia a intenção da dupla de se render. Um dos suspeitos
morreu baleado na cabeça, e o outro foi encaminhado em estado grave ao
hospital. O PM concedeu entrevista a Zero Hora e narrou os momentos de tensão
da perseguição. Confira os principais trechos:
De que forma teve início a perseguição?
Fomos comunicados que os assaltantes levaram o dinheiro do
banco em Sapucaia do Sul e tinham deixado refém em Gravataí. Como estamos
lotados na cidade, nos avisaram de que deveríamos seguir o Corolla (veículo
usado pela dupla na fuga). Enquanto isso, toda a região foi alertada e ficou de
prontidão. Todas as saídas para as estradas foram trancadas. Eles tentaram
escapar pela área rural, mas como ficaram cercados, foram em direção ao centro
de Gravataí.
Durante o trajeto, houve troca de tiros?
Eles atiraram para nos executar, várias vezes. Enquanto um
dirigia, o outro trocava tiros. Quando chegaram no Centro, subiram nas
calçadas, andaram na contramão, quase atropelaram as pessoas, uma senhora se
atirou no chão para não morrer.
Vocês foram atingidos?
Não. Fizemos vários disparos, até que o carro parou. Quando
chegamos perto, um dos bandidos estava morto com um tiro na cabeça, e o outro
também levou disparo na cabeça e no tórax e estava muito mal. Não havia banco
traseiro no carro, eles retiraram para alguma finalidade que ainda não sabemos
qual é.
Veja como ficou o Corolla após o tiroteio em Gravataí:
Sequestro por R$ 200 mil
No começo da manhã desta quinta-feira, o marido da gerente
do Santander do centro de Sapucaia do Sul foi sequestrado na cidade e passou a
circular com dois bandidos em um Focus prata. Em ligação telefônica com a
mulher da vítima, os criminosos exigiram que ela sacasse uma quantia em
dinheiro para o resgate.
A mulher retirou R$ 200 mil no banco e, no limite entre
Cachoeirinha e Gravataí da ERS-118, entregou o valor a dois homens que estavam
em um Corolla preto. O marido foi solto próximo ao posto do Comando Rodoviário
da Brigada Militar de Gravataí e encaminhado à delegacia para prestar
depoimento. Os bandidos fugiram e um deles acabou morto na perseguição.
Acionada pelos policiais de Sapucaia do Sul, a Brigada
Militar de Gravataí se deparou, na ERS-020, com um veículo com as mesmas
características do utilizado no crime e passou a acompanhá-lo. Do Corolla, os
bandidos jogaram miguelitos na tentativa de furar o pneu da viatura.
Em troca de tiros na Avenida Dorival Cândido Luz de Oliveira
— via próxima ao centro que liga Cachoeirinha a Gravataí —, um criminoso foi
morto e outro ficou ferido. Sob custódia, o homem foi encaminhado para
atendimento no Hospital Dom João Becker.
Dentro do Corolla, foram apreendidas duas armas, munição e
uma caixa de miguelitos. Segundo a Brigada Militar, o valor sacado pela gerente
não foi localizado — a polícia acredita que os R$ 200 mil estão com os
integrantes do Focus, que conseguiram fugir. O Departamento Estadual de
Investigações Criminais (Deic) foi acionado ainda no início da manhã, quando a
gerente entrou na agência bancária para sacar o dinheiro.
— A vítima reconheceu os dois. Mais pessoas participaram da
ação, mas ainda não temos o número de envolvidos. Vamos analisar a participação
deles em outros ataques a gerentes de bancos e a postos e agências bancárias —
disse o titular da Delegacia de Roubos do Deic, Joel Wagner.
Na movimentada avenida, a ação policial chamou a atenção e
provocou medo de quem passava pelo local nesta manhã. A funcionária de um
estabelecimento da região disse que, quando ouviu o barulho, não achou que se
tratassem de tiros.
— Foi muito de repente. Vimos que era tiro quando começou um
atrás do outro e, depois, ouvimos a sirene. Em seguida, os policiais começaram
a cercar o carro. A rua ficou lotada de gente que foi ver — conta Maguiel
Brasil, 39 anos.
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