Percepções...
Matéria de vários dias na
imprensa falada e escrita. Foco das conversas em praças, bares e rodas de
chimarrão nos quatro cantos do Rio Grande do Sul, inclusive na mídia do vizinho
Brasil. Viram-se e ouviram-se uma gama de especialistas em segurança pública e
renomados jornalistas usando seus preciosos tempos em montar o quebra-cabeça, em
analisar os dados que chegavam ao seu conhecimento com velocidade estonteante,
para posterior – e é aí que eu vejo todo o problema – fazerem suas ‘sábias’
observações e conclusões.
Partindo deste raciocínio, embora
não possua o arsenal prático-teórico de treinamento e estudo dos primeiros (os
especialistas) e nem a eloquência dos segundos (os jornalistas), senti-me
encorajado em também escrever sobre minhas percepções a respeito do ‘curioso
caso de Cotiporã’. Ocorrência extremamente singular pelas circunstancias e
desdobramentos vivenciados.
Minha singela intenção, baseada
na simplória leitura das notícias e em minha precária experiência, nada mais é
do que HOMENAGEAR quatro valentes guerreiros da Corporação Brigada Militar e
discorrer sobre quão injustos podemos ser, quando nos falta lucidez e capacidade
analítica em alguns assuntos.
Quando não possuímos o talento
primário e extremamente necessário (para um especialista e/ou repórter) de ‘se
colocar no lugar’. Quando não nos esforçamos em descer até o local e horário dos
fatos (Tentando sair de nossos gabinetes climatizados e/ou largando nossos
escudos em forma de microfone), para ouvir corações batendo descompassados,
gritos de dor e terror, estampidos ensurdecedores de tiros de fuzis e
xingamentos mútuos.
Quando não conseguimos enxergar e
sentir a concretude de braços e pernas quebradas e dilaceradas, o vermelho
escarlate do sangue do irmão de farda que geme a nossos pés, o cheiro do mato,
misturado ao odor de sangue e urina. Quando não entendemos que a morte do
falecido marginal que tombou a cinco metros de distancia dos policiais,
significou algum tempo a mais de vida para todos os cidadãos comuns...
Significou um pouco mais da preciosa e escassa presença dos quatro policiais,
junto às pessoas que eles amam, e pelas quais se arriscariam mil vezes mais e
continuariam de pé lutando... Até no inferno!
Um comentarista fulano de tal
(famoso por sinal), de uma renomada rede de televisão, no dia 02 de janeiro de
2013 entrou na tela para fazer suas quase sempre ajuizadas observações. Começou
falando sobre o assalto em Cotiporã, o que fez com que eu parasse com o almoço e
o ouvisse com atenção. O que eu ouvi foi dois minutos de uma reflexão por demais
política-estratégica, dizendo que o caso em questão deve servir para os sistemas
de informações das polícias (Militar, civil e federal) trabalharem mais
unidas...
Ok. Mas ficou muito
aquém do que eu tinha por um comentário, no mínimo trivial, passado o ‘calor dos
acontecimentos’. Infelizmente ele seguiu a correnteza, e colocou-se (se é que
ele se colocou) no lugar de algum ‘paraibano ou morador do Acre’, distante
alguns milhares de quilômetros dos acontecimentos e reservou-se a fazer o que
poderia ser feito por um repórter qualquer, morador da Chechênia...
Mas JAMAIS por algum gaúcho que
vive a poucos quilômetros do ocorrido e que gastou um bom tempo, no ano de 2012,
a noticiar as peripécias e crueldades do bando - que explodia bancos e dava
tiros de fuzil como quem solta foguetes no fim de ano - que sofrera uma
contundente derrota, patrocinada por quatro valentes guerreiros da Brigada
Militar. No comentário do ilustre, sobrou impessoalidade. Faltou senso de
justiça, humanidade e humildade em dar honra ao mérito!
É OBVIO, caro leitor, e me
desculpe eu ter me demorado tanto para chegar até aqui, que estamos diante de
uma ação HERÓICA, com todas as minúcias que este termo carrega: “Herói é uma
figura atípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma
excepcional um determinado problema de dimensões gigantescas”. E é sem medo, mas
com a devida prudência, para não cometer mais injustiças, que quando eu falo –
HERÓIS – estou me reportando única, pura e simplesmente – aos QUATRO COMBATENTES
DA BRIGADA MILITAR – que bem mais por mérito do que por uma ‘escorregadia’
sorte, souberam tão bem, dar um primeiro desfecho, ALTAMENTE POSITIVO, em toda
esta história.
A BRIGADA MILITAR hoje está MAIS
de parabéns por tê-los (os quatro) em suas fileiras, representando com louvores
e dignamente sua história de BRAVURA em defesa da sociedade do que pelo conjunto
de toda operação, a qual certamente, também foi positiva.
Sem a coragem, o controle
emocional, a inteligência, o profissionalismo e a prudência dos quatro heróis de
Cotiporã, primeiramente os reféns poderiam ter morrido e pelo que se sabe não
ficaram sequer feridos; depois, com dois brigadianos feridos por tiro de fuzil e
pelo estado lastimável que ficou a viatura dos policiais, cheia de perfurações,
os quatro poderiam estar agora, não recebendo abraços de seus amigos, mas honras
fúnebres.
Muita gente falou. Muitas fotos
foram tiradas. Grandes articulações. Estratégias. Cercos. Barreiras. Muitos
acertos e alguns eventuais erros.
Mas o fato é que sem o
devotamento e a iniciativa de vocês quatro, hoje talvez não estivéssemos,
visivelmente, mais motivados que nunca, para continuar peleando de cabeça
erguida e, com toda a certeza, caso algo de mais sério desse errado, estaríamos
todos nós – policiais - sendo alvos das mais severas críticas. Afinal, vocês
poderiam ter aguardado reforço... Poderiam ter tomado outro rumo... Poderiam ter
errado seus tiros, noite que era, e ter acertado em pessoas inocentes.
Assim como poderiam ter escolhido
outra profissão, menos perigosa. Poderiam trabalhar na agricultura, no comércio
ou na indústria, mas não... Vocês optaram por SERVIR e PROTEGER os gaúchos,
mesmo com o sacrifício da própria vida!
Meus PARABÉNS, valorosos
guerreiros! Boas melhoras aos colegas que se feriram. Continuem perseverantes.
Continuem acreditando no poder da INTEGRIDADE, da BONDADE e da JUSTIÇA.
Continuem, provando para os ainda incrédulos, que o CRIME NÃO COMPENSA.
A ação de vocês quatro foi
EXEMPLAR e plenamente satisfatória, exitosa e motivadora. Estamos todos
orgulhosos em vestir a mesma farda que os senhores tão magnanimamente souberam
honrar!
(A) EVERALDO JOSÉ CAVALHEIRO PAVÃO -1º Ten QTPM - 3º
BOE P. Fundo/RS.
Viva a todos Policiais Militares , Civis e Federais do Brasil, com poucos recursos mas fazendo a diferença na hora certa ! Sd PM Iziquiel (3° BPCHOQUE PMESP)
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